segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Filosofia

FILOSOFIA
(texto sem correção)

Nenhum homem é dono da história. Nenhum homem pode prescrever a receita da sociedade perfeita. Todos nós fazemos a história, vivendo dia-a-dia. A sociedade que vivemos é fruto disso, do que nós somos. Ela é uma extensão de nós mesmos. A sociedade é nosso segundo eu, e por sociedade entenda-se todo ambiente. Hoje o debate ambientalista é uma realidade na nossa sociedade. O ser humano não está isolado do resto do mundo, o que é bem lógico. O ser humano é um elo da enorme corrente que é todo o ambiente em que vivemos. O Planeta Terra é nossa sociedade. Todo Universo é nossa sociedade. Tudo faz parte e todos tem sua participação no processo de construção da história, de desenvolvimento da sociedade.
Construímos a sociedade na medida em que construímos nós mesmos, nossa personalidade, nosso caráter, nossa natureza. Temos a mesma natureza em comum, evoluímos a partir da mesma origem. Ciência e Religião dizem a mesma coisa. O debate entre as duas é uma invenção moderna do ocidente. Tanto a verdadeira religião quanto a verdadeira ciência são ambas a verdadeira filosofia. E filosofia é a natureza superior do ser vivo, a busca pela Verdade.
Mas também somos feitos por uma Natureza Inferior, é comum nos referirmos a essa natureza como animal, mas essa natureza não é só animal, é material. Toda matéria física contém essa natureza, diferente da Natureza Superior, que é transcendental à matéria. A natureza inferior é limitada e finita, ao passo que a superior é ilimitada e eterna. Ciência é Religião que é Filosofia! Ao separar o debate a escola ocidental o esvaziou.
Na verdade o objetivo da escola ocidental era a doutrinação. Quando os católicos expulsaram os árabes da Europa, eles apoderaram-se de suas universidades e a partir daí começa a escolástica ocidental, com a cristianização. O objetivo das escolas era a catequização, o domínio dos povos pela educação. Entenda que a educação ocidental consiste em impor a sua cultura. Com o florescimento da classe burguesa, a Igreja perdeu seu poder, e a escola passou a ser um instrumento do Estado, mas reparem que o objetivo continua sendo o controle das massas.
Os valores da sociedade foram roubados. A escolástica, geração após geração, foi removendo todos eles. A ciência moderna não é melhor do que a igreja medieval. A ciência moderna é uma prostituta a serviço do capital. A sociedade moderna é uma prostituta a serviço do capital. Qual a diferença então entre a igreja medieval e a ciência moderna? Ambas destruíram a sociedade pouco a pouco sobre a promessa de dias melhores.
Entre ter o capital como meta suprema na vida, eu prefiro ter Deus. E quando digo ter Deus, não me refiro a nenhuma religião, pois todas elas, sem exceção, se transformaram em negócios. O homem precisa restabelecer sua ligação com sua Natureza Superior, restabelecer a ligação, isso é a verdadeira Religião. Nossa natureza superior é Deus.
A ciência já provou que toda a matéria tem uma origem comum. Chame como quiser, eu chamo de Deus. A ciência e a religião ocidental estão agora dando as mãos novamente? Só temos a ganhar com isso.
A diferença entre as naturezas inferior e superior e que na primeira nos agimos intuitivamente, fazendo girar a roda da vida sem cessar; e na segunda nos temos a possibilidade de renunciar a primeira e livrar-se desse cativeiro material, mas como?
Filosofia. Nossa Natureza Superior. Análise e crítica.
Toda matéria tem um origem em comum. Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Tudo tem um começo, meio e fim, mas qual a Causa Original de tudo? A esta Causa Primordial, eu chamo Krishna, pois foi assim que meus mestres me ensinaram. A propósito, Krishna e Cristo são palavras que tem a mesma origem em comum, ambas são na verdade a mesma palavra, porém em épocas, locais e contextos diferentes. Jesus era filho de Deus, Jesus Cristo, Cristo é Deus, Deus é Krishna. Deus tem infinitas formas, nomes, passatempos, lugares. Pois se Deus é a Origem de tudo, tudo está contido nele. Análise e crítica. Isso é a verdadeira filosofia, ciência e religião. É impossível conceber o ilimitado dentro do limitado. Nós somos limitados, somos finitos. Só podemos conceber hipoteticamente o infinito através de nossa Natureza Superior, que é parte desse infinito, mas como está encoberta pela Natureza Inferior, fica difícil.

O experimentalismo proposto por alguns cientistas modernos jamais pode ser posto em oposição à verdadeira filosofia, pois o experimentalismo pode levar a excelentes resultados dentro da Natureza Inferior, toda matéria física, ou seja, a medicina, a física, a engenharia, etc, todas essas áreas podem ter benefícios enormes do experimentalismo, mas só podemos entender nossa Natureza Superior através dela mesma. O fato de toda matéria ter uma origem comum, um elemento comum, é também uma prova que essa origem comum, através desse elemento comum, também está em tudo. Deus está em tudo. Cristo está em tudo. Krishna está em tudo. Os Mestres nos revelaram que a residência da nossa Natureza Superior no corpo é o coração. O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Deus, nós (o ser vivo, a alma), e a Natureza Superior (o elemento comum). A filosofia oriental chama esse aspecto divino de Superalma e a Natureza Superior de Absoluto. Não existe diferença na essência das diferentes religiões, entre elas e entre a verdadeira filosofia e ciência superior. São maneiras diferentes de descrever as mesmas coisas, diferentes pontos de vista. A Verdade é uma só, mas os pontos de vista são individuais. E os indivíduos se organizam em sociedades, em famílias, vilas, cidades, regiões, povos, nações, continentes; e em cada esfera existe um certo nível cultural de identidade entre esses indivíduos. Cada esfera destas pode ser tratada como um indivíduo dentro de uma esfera maior. Uma cidade pode ser tratada como um indivíduo dentro do continente.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Ciclos da Vida

 Ciclos da Vida


   Conforme já vimos, a expectativa de vida é de 75 anos, este é o ciclo de vida completo. Dividido por dois, temos 37 anos, meia vida. O ser humano leva 37 anos para atingir o ápice da maturidade, e durante os 37 anos seguintes o corpo vai perdendo a força até o término da vida. Esse é o tempo que uma pessoa deve se dedicar ao trabalho, ou seja, 37 anos de serviço deve ser o prazo máximo para a pessoa se aposentar. A pessoa deve constituir família até no máximo 37 anos, depois disso deve se concentrar em desenvolver esta família, educar os filhos, constituir seu patrimônio para poder depois gozar da aposentadoria.
   Dividido por três, temos 25 anos. Esse é o tempo que leva para o ser humano amadurecer, é o tempo que dura sua fase madura, é o tempo que leva para envelhecer até a morte. Até os 25 anos de vida, a pessoa deve se dedicar aos estudos e sua formação como profissional e como cidadão. Dos 25 aos 50 anos a pessoa vive sua fase produtiva. Após os 50 anos de idade, a pessoa começa a envelhecer e o ritmo de trabalho deve ser menor. O ideal seria as pessoas após essa idade se dedicarem a ensinar o seu ofício, ou atuarem como conselheiros, consultores, ajudando os mais novos com sua experiência. Esse também é o período mínimo para o cidadão poder ter sua aposentadoria. Ninguém deverá se aposentar antes de ter prestado pelo menos 25 anos de serviço. Existem casos de invalidez e incapacidade, porém, caso a pessoa sofra algum revés como acidente ou doença, deve ser verificada a possibilidade de remanejamento daquela pessoa. Por exemplo, um torneiro mecânico que sofreu um acidente de trabalho e perdeu alguns dedos da mão. Sua habilidade como torneiro mecânico está comprometida, mas ele ainda pode trabalhar em outras áreas dentro da mesma metalúrgica, fazendo serviços administrativos, por exemplo, ou ainda, dando aulas, cursos, antecipando aquilo que ele faria quando ficasse mais velho. Somente se a pessoa ficou totalmente incapacitada, sem possibilidade de atuar em nenhuma área (dentro daquele setor da economia onde ele já trabalhava), aí sim poderia ser dada a sua aposentadoria precoce por invalidez. A idade mínima para a aposentadoria é 50 anos.
   Dividido por quatro, temos 19 anos. Esse é o prazo para o término da vida escolar da pessoa. Dividido por 5, temos 15. Com 15 anos o cidadão deve ter concluído o ensino básico e assim atinge sua maioridade, ou seja, atinge a sua plena capacidade de cidadão. Até os 15 anos a pessoa deve ser considerada uma criança, após os 15 anos, ao se formar no ensino básico, passa a ser um cidadão e tem todos os direitos e deveres. Faltando 15 anos para o término do ciclo da vida, ou seja, com 60 anos, a pessoa deixa de ser considerada um cidadão para ser um ancião. Mais pra frente iremos abordar mais profundamente o papel das crianças, cidadãos e anciãos na sociedade.
   Dividindo por seis, temos 12. Esse é o ciclo médio dentro da vida das pessoas. Até os 12 anos somos crianças. Dos 12 aos 25 somos jovens. Dos 25 aos 37 é a fase de constituição da família. Dos 37 aos 50 é a fase de crescimento material da família. Dos 50 aos 62 anos vem a fase de término da vida produtiva, aposentadoria. A partir dos 62 anos é a fase final da vida, a velhice propriamente dita. Dividido por sete, temos 10 anos. Uma década, uma geração. Esse é o período de análise para as políticas públicas e para os estudos sociais.
   Poderíamos continuar fazendo as divisões e obtendo os ciclos menores da vida da pessoa, esses ciclos servem para fazer diferentes cálculos de prazos para diferentes aplicações, até chegar ao ciclo menor, que é de 2 anos. A cada década esses cálculos devem ser refeitos, levando-se em conta a evolução da expectativa de vida das pessoas.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Partícula Deus

A Partícula Deus


   Recentemente cientistas descobriram a existência de uma partícula que ficou conhecida como a partícula Deus. Essa partícula é a origem das massas das partículas subatômicas, e por estar intrinsecamente ligada à origem da matéria como conhecemos, foi chamada de partícula Deus. Ela foi teorizada em 1964 pelo físico Peter Higgs e por isso foi batizada de Bóson de Higgs. É o Bóson de Higgs o responsável pelas características das partículas subatômicas. Uma mesma partícula está na origem de todos os átomos.
   A ciência e a religião estão dizendo a mesma coisa. Existe uma origem comum para tudo. O Bóson de Higgs nada mais é do que o início da manifestação material. Ele não é a Causa Primordial, mas é uma partícula emanada da Causa Primordial, e o início da matéria.
   Nesse mundo nada se cria, tudo se transforma. Reconhecendo isto, e sabendo que existe uma Causa Primordial, fica claro que está Causa Primordial começa a se expandir e a se transformar em subprodutos. Como a Causa Primordial é a origem de tudo, toda a energia, tudo que existiu, existe e virá a existir no universo, ou melhor, em todos os universos, em toda a criação, em toda a manifestação, tudo isto, toda esta energia infinita está contida na Causa Primordial. Toda vida, todo o poder. A Causa Primordial é a origem de toda matéria, toda a vida e todo o poder, conforme estamos estudando. Então a Causa Primordial exala esse poder, essa força viva, essa energia em todas as direções, infinitamente.
   É impossível para o limitado compreender o ilimitado. Como conceber o infinito com uma inteligência finita? Mas podemos ter uma ideia, através de modelos e analogia.
   Todo esse poder, essa energia, essa vida que emana da Causa Primordial é uma energia luminosa, pois a luz é uma forma de poder, de energia, e também de vida. A escuridão é a ausência de luz, então a luz é uma forma de poder. A origem das cores e das formas. Então cada partícula dessa refulgência divina, desse brilho que se espalha em todas as direções. Cada partícula dessas, a menor partícula dessa energia, é a origem dos Bósons de Higgs.

O Ovo Supremo


   Para compreender melhor isso vamos utilizar um modelo. Vamos chamar essa refulgência que emana da Causa Primordial de Poder Absoluto. A partir do momento que a Causa Primordial se expande em Poder Absoluto Ela já está se transformando. O Poder Absoluto adquire as qualidades da Causa Primordial, mas este poder não é a Causa Primordial, ele próprio já é um subproduto dessa Causa Primordial, e ele é a origem de todo o resto da manifestação, por isso ele é a origem do Bóson de Higgs, o início da matéria. Como o Poder Absoluto se expande em todas as direções, a manifestação deve ter o formato esférico, só para nossa compreensão, pois a manifestação é infinita, mas é impossível para nós compreendermos o infinito, então vamos utilizar o modelo esférico. O planeta é esférico, o ovo é esférico, o átomo é esférico, então a totalidade da manifestação também é esférica. Seria como um ovo. A gema, o núcleo, é a Causa Primordial, a origem de tudo, Deus. A clara é o Poder Absoluto, toda aquela energia viva, todo o poder da criação e da expansão. A casca do ovo é a parte grosseira da manifestação, o mundo material. O lugar limitado pelo espaço-tempo onde vivemos e onde interagimos para depois podermos retornar ao Supremo. A casca do ovo é a borra desse Poder Absoluto, já é um subproduto dessa energia suprema, é onde o Bóson de Higgs passa a existir, limitado pela dimensão espaço-tempo, limitação esta inexistente no Poder Absoluto e na Causa Primordial. Vamos chamar essa casca, essa porção grosseira da manifestação, de Manifestação Material.

O Modelo Universal


   Podemos observar na manifestação que os modelos, os padrões, se repetem, por exemplo, um átomo funciona mais ou menos da mesma forma que o sistema solar. Uma sociedade pode ser analisada como um indivíduo, conforme já debatemos. O modelo macro é semelhante ao micro. Então, esse grande Ovo Supremo seria o primeiro modelo, o macro dos macros. O micro padrão dentro desse modelo seria o menor corte de um desses raios do Poder Absoluto que emanam da Causa Primordial. Se conseguíssemos isolar um desses raios e fazer o menor corte possível na raiz hipotética desse raio então teríamos a menor partícula, o micro padrão.

O Mundo Transcendental


   Esse micro padrão, essa menor partícula do Poder Absoluto, revestida de todas as qualidades desse poder absoluto, vai repetir o mesmo padrão do Ovo Supremo, assim como o átomo repete o padrão do sistema solar. Então, cada partícula dessas é um novo ovo. Dentro do Poder Absoluto, tudo é auto iluminado, pois o brilho, a luz, é uma qualidade do Poder Absoluto. Não tem como um raio de sol brilhar, se cada uma de suas partículas não brilhar. Então, dentro do Poder Absoluto, não há necessidade de sol ou outros astros reluzentes. Tudo brilha. Então, nessa parte da manifestação, cada partícula é uma planeta auto reluzente. Essa é a parte pura da manifestação. Vamos chamá-la de Mundo Transcendental. O Mundo Transcendental é o conjunto de planetas auto reluzentes, onde vivem as pessoas que já transcenderam aos desejos materiais. É o Reino de Deus. Em cada um desses planetas, Deus existe sob uma forma diferente e executa diferentes atividades para a felicidade de toda a sorte de pessoas. Deus se relaciona conosco da mesma forma que nós relacionamo-nos com Ele. Deus é infinito, e por isso existem infinitos planetas transcendentais para que, ao final de nossa existência nesse Mundo Material, nós possamos desfrutar com Ele em um planeta transcendental que atenda nossas limitações, no lugar mais agradável para nós. Esse é o Paraíso, o lugar perfeito, e o que é perfeito para mim, pode não ser para você, por isso a Manifestação Transcendental é infinita, pois é feita por um Deus infinito, para uma infinidade de pessoas. Então, cada planeta do Mundo Transcendental é a menor partícula do Poder Absoluto.

O Mundo Material


   Quanto mais longe do núcleo está o raio, menores são as qualidades de suas partículas, como se ele fosse perdendo a força. Lembrando que isto é apenas um modelo, pois a manifestação é infinita e o raio jamais perde a força, mas assim, ficaria impossível de nós compreendermos e de se estabelecer um modelo. Todas as qualidades estão presentes, mas elas vão diminuindo, então, do Poder Absoluto, vem a manifestação material. A borra, a casca, o dejeto desse Poder Absoluto é o Mundo Material.
   Diferente do Poder Absoluto, do Mundo Transcendental, a Manifestação Material não tem a capacidade auto reluzente que o Mundo Transcendental tem. Então, nessa parte da manifestação, cada partícula forma não mais um planeta, mas sim um universo escuro. Cada universo material é uma partícula dentro do Ovo Supremo. É uma partícula dessa casca. E o Bóson de Higgs é a menor partícula dentro desse universo. Subprodutos, nada se cria, tudo se transforma.
   Esse é o modelo de manifestação que eu proponho a vocês. Apesar de ser infinita, ilimitada, sem começo nem fim, precisamos entender como essa manifestação existe e funciona, por isso propomos um modelo de fácil compreensão para nosso cérebro limitado e finito. No próximo texto vamos analisar melhor como ocorre essa transformação do Poder Absoluto em Manifestação Material, e também nossa própria constituição e a constituição dos planetas transcendentais e dos universos materiais.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O Indivíduo Social

O Indivíduo Social




   Já constatamos que essa manifestação material destina-se à interação das "centelhas vivas" do Supremo, para que possam transcender ao desejo, à luta pelo poder, e tornarem-se dignas do Reino de Deus. A interação social é então o mecanismo pelo qual transcendemos. Portanto, a sociedade é muito importante para nossa evolução. A sociedade é o motivo de estarmos aqui e é através dela que podemos nos libertar. Nós nos enxergamos nos outros, é assim que conhecemos nossas qualidades, nossos defeitos, nossos limites; e é assim que nos superamos, que evoluímos. Um indivíduo sozinho evolui muito mais lentamente do que um indivíduo inserido numa sociedade, isso já foi provado cientificamente. A diferença é gigantesca. Então, a sociedade é o meio necessário para a nossa evolução, ela é indispensável. Agora, para encontrarmos a sociedade ideal, precisamos entender o indivíduo. Passaremos a analisar então esse indivíduo social, dentro do conceito introduzido pelo parágrafo único do artigo 1º da nossa Carta Magna.

As Fases da Vida


   Todo indivíduo passa por cinco estágios de vida: nascimento, desenvolvimento, maturidade, envelhecimento, morte. O nascimento e a morte indicam o início e o final da vida do indivíduo, então, o indivíduo vive, na verdade, três estágios de vida: desenvolvimento, maturidade e velhice.
   O desenvolvimento é o período de formação do indivíduo, nesse período, a sociedade é responsável por este indivíduo. Este indivíduo em formação ainda não é capaz de executar seu papel na sociedade com plenitude, sendo dependente de outros membros da sociedade.
   O período de maturidade é o período no qual o indivíduo atua ativamente na sociedade, contribui para a manutenção da mesma com seu trabalho. São esses indivíduos que sustentam a sociedade.
   O período de velhice é o período final da vida do indivíduo. Nessa fase o indivíduo já cumpriu com sua obrigação dentro da sociedade, pagando com seu trabalho em troca do desenvolvimento que recebeu no primeiro estágio, e em troca do descanso merecido agora no estágio final. Nesse período o indivíduo pode não participar ativamente da sociedade, mas pode participar como consultor, como examinador, como mestre, etc., ou seja, compartilhando sua experiência.
   É muito importante que sejam definidos critérios justos na divisão desses estágios. Perceba também que os conceitos aqui defendidos aplicam-se as sociedades também, já que estamos falando de indivíduo social. As sociedades também nascem, crescem, se desenvolvem, envelhecem e morrem, dando lugar a novas sociedades.

Expectativa de Vida


   Perceba que a trajetória de vida do indivíduo começa com uma curva de ascensão, até atingir o topo, e depois vem a curva descendente. Devemos encontrar o ponto máximo, aonde termina a curva ascendente e começa a curva descendente, pois esse é o ponto onde o indivíduo está com a sua máxima capacidade de trabalho. Em condições ideais, ou seja, um indivíduo que tenha uma vida saudável, que tenha tido um bom desenvolvimento e boas condições de trabalho, o ponto máximo do seu desenvolvimento é no meio de sua vida. Em períodos de calamidade, guerras, pragas, etc, as pessoas sofrem mortes precoces. Por isso, para se calcular o ponto médio da vida de um indivíduo, devemos levar em conta a situação ideal.
   A média mundial atual é de 67 anos, porém, no mundo ainda existem muitos países em conflito, guerra civil, situações extremas que não podem ser consideradas no cálculo do tempo médio, pois fogem da normalidade. Devemos considerar apenas a expectativa de vida dos países mais desenvolvidos, onde as pessoas tem uma qualidade de vida melhor. O país com a maior expectativa de vida atualmente é o Japão, quase 83 anos. No meio da lista está o Egito, 72 anos. No Brasil a expectativa de vida atual é de 75 anos.
   Para extrair a expectativa de vida do indivíduo social para fins da divisão dos estágios da vida, vou considerar a média entre a média mundial, 66 anos, com a média do país com a maior expectativa de vida, o Japão, 83 anos. Pois a média mundial é o que temos hoje, incluídos aí todos os países em situações fora da normalidade. E o Japão é o país com o maior índice, ou seja, a meta para os demais. Sendo assim, nossa expectativa de vida fica em 75 anos e o ponto máximo é em 37 anos. Coincidentemente, o Brasil está dentro dessa média. O Brasil é o cenário ideal para o início da revolução, pois não é uma sociedade desenvolvida ainda, mas também não é uma sociedade vulnerável. Nós estamos bem no meio. Temos todos os elementos para nos desenvolvermos como as outras sociedades dominantes, mas ainda somos muito dominados, temos ainda muito em comum com aquelas sociedades ainda em conflito. Esse é o terreno fértil para a revolução. Não queremos nos tornar mais uma sociedade exploradora, queremos nos desenvolver, mas não dessa forma. Queremos encabeçar a mudança do mundo para a sociedade ideal.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A Causa Primordial

A Causa Primordial


   Vamos deixar um pouco a discussão político-social de lado para falarmos mais sobre a constituição original do ser, pois é somente através dessa compreensão que poderemos saber qual é a sociedade ideal. Entendendo o indivíduo, saberemos qual a sociedade que queremos. O quê somos? De onde viemos? Para onde vamos? Esse texto busca a resposta a estas perguntas.
   Independente da religião, ou mesmo quem não tenha religião, podemos facilmente observar que as coisas não existem sempre. Tudo tem um começo, meio e fim. Todas as coisas tem uma origem. Então se formos retrocedendo hipoteticamente no tempo poderemos chegar até a origem de tudo? Tanto a ciência laica como a religião dizem que sim. Para que tudo tenha uma origem, deve haver alguma causa primordial, antes de tudo, uma causa sem causa, a origem de tudo. A ciência laica desenvolve teorias a respeito disso. As religiões chamam essa origem de tudo de Deus. Vamos chamá-la de Causa Primordial.
   Essa Causa Primordial é a origem de toda matéria, de toda a vida. Como é a origem da vida, a Causa Primordial também é vida, e por ser a origem de tudo, está presente em tudo, por isso se diz que o Senhor é onipresente. Assim como nós temos consciência e inteligência, a origem de tudo também tem, e se é onipresente, logo, é também onisciente.
   Nossa existência e inteligência, conforme temos estudado nos textos anteriores, servem para que possamos transcender a esta condição material e transcender a uma forma de vida bem aventurada. Usamos muito a analogia do leite para constatar nossa condição de vida original. O leite pode transformar-se em vários subprodutos, como a manteiga, o creme, o iogurte, a coalhada, o queijo, o soro, etc. Porém, os subprodutos não podem se transformar no leite, mas o leite está contido nos subprodutos. Os subprodutos são e, ao mesmo tempo, não são leite. Assim como nós, e toda a matéria. Somos subprodutos da Causa Primordial. As qualidades da Causa Primordial estão contidas em nós, mas em uma proporção infinitesimal. Tudo ao nosso redor está contido na, e contém a Causa Primordial.
   A Causa Primordial é toda poderosa. Ela é a origem de todo poder. Por isso ela é toda refulgente. Cada partícula diminuta dessa refulgência é dotada de vida, de conhecimento e de poder, assim como a Causa Primordial. Mas essas partículas se confundem com a Causa Primordial, apesar de serem porções infinitesimais do Infinito. A centelha do fogo tem as mesmas qualidades que o grande fogo que a originou, mas em porções bem menores. A centelha do fogo é e, ao mesmo tempo, não é a fogueira. Assim, nós, que somos essa partícula do Conhecimento, Existência e Potência Eternos, o Supremo, nos confundimos com esse Supremo, e acreditamos que somos nós o Supremo. A origem do desejo, da luta pelo poder, vem da nossa condição de centelha da Causa Primordial, o Supremo. Todos nós acreditamos que somos o Supremo. Vivemos então em disputa para ocupar esse lugar. Mas é óbvio que nós não somos o Supremo. Nós não somos a fonte de todo poder, de todo conhecimento, de toda existência, não somos a Causa Primordial, somos subprodutos dela. Então, toda essa existência material serve para que possamos, através da interação com as outras "centelhas", percebermos nossa constituição original e abandonarmos a luta pelo poder, o desejo, e assim, nos rendermos ao Supremo e recobrar assim nossa existência original livre de sofrimento.

Ação e Reação


   O tempo e espaço são os eixos x e y da natureza material. Eles servem para criar o campo aonde as centelhas, os indivíduos, irão interagir entre si e lutar pelo poder enquanto acreditam que sejam o Supremo. Vale ressaltar que essa condição é inconsciente, lutamos pelo poder inconscientemente, devido à natureza da nossa constituição. Quando despertamos nossa consciência, nós passamos a enxergar esse desejo, essa inclinação natural a lutar pelo poder, e assim, através da inteligência, tentamos superar isso com a devoção ao Supremo. Mas para aqueles que ainda não despertaram, é preciso que haja a interação entre eles. A lei básica da natureza é ação e reação. Toda ação gera uma reação. A interação dos indivíduos no tempo e espaço está sujeita a esta lei. Você colhe o que planta, já diziam os antigos. Boas ações geram boas reações. Más ações geram más reações. Somos lançados nesse universo material para "brincarmos de Deus". Como nenhum de nós é Deus, é o Todo Poderoso, então estamos sujeitos às leis da natureza que regula essa interação e essa disputa pelo poder.
   Assim, nossa existência aqui só termina quando estivermos livres das reações de nossas ações. Essa é a roda da vida. Ele nunca para de girar. A única maneira de escapar dessa armadilha é abandonando essa luta pelo poder. Abandonando o caminho do desejo. Quando nos rendemos ao Senhor, nós abandonamos o resultado das nossas ações e cumprimos com o nosso dever dentro desse mundo sem nos apegar aos resultados, as reações, sejam eles bons ou ruins. Agindo dessa forma, nós nos livramos da roda da vida, e estando assim conscientes da nossa verdadeira constituição, nós estamos livres para retornar ao Lar, voltar ao Supremo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Caminho do Desejo x Caminho da Devoção

Caminho do Desejo x Caminho da Devoção


   Até aqui nós já concluímos que a sociedade ideal é aquela na qual as pessoas são devotadas ao Senhor Supremo. Então, tudo depende de uma revolução na consciência das pessoas. Esse é o primeiro passo. Para mudar o mundo, devemos primeiro, mudar a nós mesmos. Não é uma mudança fácil, pois a luta pelo poder é algo intrínseco à matéria, conforme já vimos. A luta pelo poder é o resultado do desejo. O desejo é o que move a matéria, é o que move o mundo e, portanto, é o que define e molda tudo nesse mundo. Quando eu digo que a história das sociedades é a história da luta pelo poder, estou dizendo que a história das sociedades é a história do desejo. Na verdade, não só das sociedades, mas de todo o Universo, pois toda a matéria é movida pelo desejo. O desejo é o que molda o universo material.
   Nos planos elementares da matéria, nas plantas e nos animais, isso é algo natural. Essa é a natureza. Mas a espécie humana foi dotada de inteligência superior justamente para transcender a essa natureza material. Pois o desejo gera a ansiedade. A ansiedade de se alcançar os objetos do desejo. Mas nem sempre conseguimos alcançar esses objetos, pois estamos em constante competição uns com os outros. Então, da ansiedade vem a frustração. Estamos o tempo todo experimentando ansiedade e frustração. O resultado disso é estresse e depressão, considerados como o mal do século, pois vivemos numa sociedade que prega a competição e o consumo, ou seja, uma sociedade que alimenta o desejo das pessoas, que faz com que as pessoas briguem entre si por esses desejos. O resultado disso é estresse e depressão.
   Da frustração vem a inveja. A pessoa percebe que não consegue saciar seus desejos, o que é impossível, pois a partir do momento que você realiza um desejo, vem outro, e depois outros. A função dos nossos sentidos é sentir. A mente é o processador dos sentidos. Os sentidos sempre vão procurar seus objetos. A saciedade dos sentidos é momentânea, por mais que você experimente algo maravilhoso, você sempre vai querer mais, pois tão logo o sentido cessa o contato com seu objeto sensorial, logo ele precisa de um novo objeto para sentir. Então, a mente nunca fica satisfeita. Até mesmo quando estamos inconscientes nossa mente está desejando. É impossível saciar a mente. Algumas correntes filosóficas ensinam que a pessoa deve tentar esvaziar a mente. Mas esse é um esforço praticamente impossível. Como anular a mente? Como querer que o fogo não queime, ou que a água não seja molhada? A função da mente é pensar, desejar e sentir. Ela faz isso o tempo todo. Lutar contra isso é muito difícil. Por isso devemos manter nossa mente focada no Senhor Supremo. Devemos fixar nossos sentidos em objetos sensoriais que nos remetam ao Senhor Supremo. Devemos ocupar nossa mente com o Senhor Supremo, e assim, experimentar o gosto superior, mantê-la ocupada com algo superior. O Senhor está disponível para todos, e assim, não há como a mente não estar em constante contato com seus objetos sensoriais. Mas do contrário, da frustração vem a inveja.
   Como nossa mente nunca está satisfeita, e como não conseguimos alcançar os objetos desejados, passamos a invejar os outros. A grama do vizinho é sempre mais verde. Todas as pessoas são iguais, todas as pessoas desejam e todas as pessoas são frustradas, mas invejamos os outros. O invejoso não percebe isso. Ele só consegue enxergar seus objetos de desejo no outro, e ele o inveja por isso. Da inveja vem o ódio. O invejoso passa a odiar o outro, pois ele atribui a sua frustração ao suposto sucesso do outro. Aí está a origem da falsa percepção de Karl Marx na sua concepção de luta de classes. Admitir isso é admitir uma sociedade invejosa e cheia de ódio. Essa sociedade existe de fato, mas isso acontece em razão de uma visão deturpada, tudo em função do desejo. O fruto proibido que a Bíblia fala. O ser vivo deseja tudo. Mas tudo pertence a Deus. O ser vivo deseja ser Deus. A origem do desejo é o fato do ser vivo negar a posição superior do Senhor e querer ele mesmo ocupar essa posição. Todos estamos brigando para sermos os senhores. Queremos tudo. Render-se ao Senhor é a única maneira de acabar com essa guerra eterna. Os devotos do Senhor não lutam entre si, eles se ajudam, uns aos outros, no caminho da devoção. Cooperação. No caminho da cooperação todos ganham, as forças se somam. No caminho da competição as forças se anulam, se destroem. Inveja e ódio contra amor e devoção. É fácil perceber qual o melhor caminho.
   O coração, endurecido pelo ódio, coberto pela contaminação de tantos desejos se torna obscuro. A pessoa assim contaminada não consegue mais distinguir o certo do errado. O resultado do caminho do cultivo dos desejos materiais é a loucura. É muito comum as pessoas desenvolverem algum tipo de demência com o tempo. Loucura. Esse é o resultado do caminho da escuridão, da ignorância, tudo fruto do desejo. Devemos seguir o caminho da bondade, o caminho da luz, da devoção, do amor divino.
   De tudo o que falamos até agora acho que podemos extrair o primeiro artigo da constituição da nossa sociedade ideal, nossa Carta Magna:

A Sociedade Ideal

Art. 1º - A sociedade ideal é aquela na qual cada indivíduo se tornou consciente de sua constituição material, constituição esta que o impele a lutar contra os outros pelo poder de saciar seus desejos. Consciente disto, cada indivíduo busca na sociedade a associação com outros indivíduos conscientes, para que assim, trabalhando sempre em cooperação, possam atingir a perfeição da vida, que é transcender a esta condição material, desenvolvendo em conjunto a devoção ao Senhor Supremo. Assim, com um ajudando o outro, cada um poderá experimentar, dentro de si, o amor puro incondicional, a Verdade Divina.


O Indivíduo Social

   Parágrafo único. Entende-se por indivíduo o conceito de indivíduo social, onde cada pessoa única é um indivíduo dentro de uma pequena sociedade e cada pequena sociedade é um indivíduo dentro de uma sociedade maior.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A luta pelo poder - parte II - A natureza e o Supremo

A luta pelo poder na natureza


   O homem deseja o poder. Numa sociedade capitalista poder significa dinheiro. Todos nós queremos ficar ricos, para assim podermos comprar tudo aquilo que precisamos, inclusive, comprar a servidão dos outros. A luta pelo poder é, na verdade, uma luta do ser humano em realizar o seu desejo de ser servido, de ser o senhor, de estar no centro das atenções. É só observarmos uma criança para vermos que esse desejo está lá, desde que nascemos. Com o tempo aprendemos a lidar com isso, a raciocinar melhor e até a esconder o nosso íntimo. Mas quando crianças nós somos transparentes e qualquer um que seja pai ou mãe, sabe que toda criança quer ser servida pelos pais, quer a todo momento a atenção para si, se considera o centro do universo.
   Essa luta pelo poder acontece o tempo todo em todo lugar, em menor e maior grau. Até mesmo entre os animais e plantas. As águas lutam pelo espaço, os rios cortam a terra, os mares moldam as praias. As chuvas caem e modificam a paisagem, inclusive arrancando pessoas de suas casas. A água e os outros elementos naturais, como o vento e o fogo, lutam pelo espaço. O domínio do espaço é uma forma de poder. Costumamos nos referir a determinadas pessoas como espaçosas, folgadas. Perceba que essa atitude em determinadas pessoas é uma forma de exercer o poder. Poder de dominar o espaço, subjugar o espaço do outro. É uma forma que algumas pessoas encontram de satisfazer o anseio íntimo que todos temos pelo poder. Na maioria das vezes esse tipo de atitude é inconsciente, mas o desejo de poder está lá, latente.
   As plantas também lutam pelo espaço, pois é através do espaço aéreo que elas têm acesso à luz e ao gás carbônico; e é através do espaço no solo que as plantas têm acesso aos nutrientes e podem fixar suas raízes garantindo assim sua sustentação. O poder sobre o espaço é também o poder sobre os recursos dentro desse espaço. Qualquer semelhança com o imperialismo não é mera coincidência. Então, enquanto os elementos básicos da natureza lutam simplesmente pelo espaço, as plantas lutam pelo espaço para obterem o poder sobre os recursos naturais. Já é uma evolução da luta pelo poder.
   Os animais também lutam pelo território. Eles defendem seu território, seu alimento, assim como as plantas, mas, além disso, os animais defendem seu rebanho, ou seja, sua família. Os animais começam a compor então as formas mais básicas de sociedade. E junto com essa sociedade animal nasce também o direito a herança. A sociedade animal luta para se impor sobre as outras para garantir aos seus herdeiros o acesso àqueles recursos. Se analisarmos as sociedades animais, fica claro que não existe luta de classes, e sim luta pelo poder. A sociedade animal é dividida geralmente da seguinte forma. O macho dominante está no topo dessa sociedade, ele venceu os outros machos e por isso obteve o direito de liderar essa sociedade e o direito de progênie. Somente o macho dominante pode fecundar as fêmeas; direito a hereditariedade. Seus filhos lutarão entre si no futuro pelo mesmo direito. Aos outros machos cabe a função de proteger o rebanho. As fêmeas cuidam dos filhotes. Não existe luta entre as diferentes classes no rebanho. Existe a luta pelo poder, pela liderança do rebanho. E existe a luta entre as diferentes sociedades animais pelo poder sobre o espaço, pelo domínio do território. Por isso eu volto a repetir, a luta de classes é uma invenção usada para dominar as massas e desviá-las de seu verdadeiro inimigo.
   Perceba que a luta pelo poder vai ficando mais complexa à medida que evoluímos dos elementos básicos da natureza até chegarmos ao homem. Mas se o homem luta pelo poder simplesmente para ter acesso aos recursos, dominar as fêmeas e os outros machos, e garantir o direito a hereditariedade, então qual a diferença entre o homem e o animal?
   Mesmo na nossa sociedade atual, onde a diferença de gênero foi abolida, inclusive com a introdução de gêneros transmorfos, a luta pelo poder pode ser resumida como uma luta animal. As pessoas lutam pelo poder, pois essa necessidade é inerente à natureza. Mas quando me refiro à natureza, nós estamos falando de natureza material. Por isso a luta pelo poder começa com os elementos básicos da natureza. A diferença entre o homem e animal é justamente a capacidade de transcender essa condição material. A única maneira de transcender essa condição material é entendendo que a meta última da vida não é a luta pelo poder, uma luta meramente material. A matéria é temporária. Que adianta lutar tanto pelo poder e no fim, tudo aquilo pelo que lutamos vira comida de vermes. Das cinzas as cinzas, do pó ao pó. Se lutamos por comida de vermes, não somos melhores que vermes então. Se vivemos como animais, lutando pelo poder tal como fazem os animais, então não deixamos nossa condição animal. Somos animais em forma humana. Não precisamos de um corpo humano para viver como animais. Toda nossa grande ciência e tecnologia, no fim, servem simplesmente para vivermos como animais sofisticados.
   Mas então qual é a meta última da vida humana? Transcender à condição animal, transcender à vida material. A luta pelo poder é intrínseca à vida material. Transcender à vida material é transcender à luta pelo poder.
   Ao admitirmos que a luta pelo poder esteja relacionada com nossa porção animal, nossa porção material, precisamos encontrar o oposto disso, o oposto da vida animal, o oposto da vida material. Ora, o oposto do poder é a submissão. Mas submissão a quê?
   É claro que essa submissão jamais poderia ser a outro ser humano, pois a capacidade de transcender a luta pelo poder e aceitar submissão é aquilo que faz o ser humano superior. Um ser humano que não tem essa capacidade não é melhor que um animal e não pode ser considerado um ser humano em sua plenitude. Então fica claro que a submissão deve ser a algo superior ao ser humano. Algo que está além da natureza material. Que é transcendental à matéria. Somente admitindo a existência do Ser Supremo é que o conceito de submissão fica claro. Devemos nos render ao Senhor Supremo.


O Supremo


   A capacidade de entender que existe um Senhor Supremo é o que difere o ser humano das outras categorias de seres vivos. O animal luta pelo domínio do território, luta para ser servido pelos outros, luta pelo prazer sexual, luta pela comida, luta para defender sua família e luta pelo direito a hereditariedade. Se o ser humano vive unicamente para isso, então ele é um animal sofisticado, conforme já expliquei. A inteligência humana serve justamente para que, raciocinando logicamente, o ser humano encontre a Verdade Absoluta, o Senhor Supremo.
   As crianças naturalmente acreditam em Deus. Todos os povos, em todas as épocas sempre acreditaram numa Força Superior, de uma forma ou de outra. O ateísmo sempre foi defendido por determinados grupo que não aceitam a submissão a algo superior, ou ainda, por grupos que queriam tirar o poder de instituições religiosas, como a Igreja Católica. Mas a devoção em Deus nada tem a ver com instituições religiosas. Se a religião é usada para dominar as massas então a religião é uma forma de poder e quem domina a instituição religiosa domina o povo, desse modo, a instituição religiosa é na verdade uma instituição política, com o objetivo de dominar a sociedade. O Senhor Krishna diz no Bhagavad-Gita (Cap. 18 verso 66):
"Abandone todas as variedades de religião e simplesmente renda-se a Mim. Eu o libertarei de todas as reações pecaminosas. Não tema."
   Só para esclarecer, O Senhor Krishna é aceito por autoridades como sendo o Senhor Supremo. Deus tem infinitas formas e infinitos nomes. Tudo emana dele, então é claro que tudo está contido nele. Os diferentes nomes e diferentes formas do Senhor existem de acordo com as diferentes pessoas que se relacionam com Ele. Por exemplo, o presidente da república. Algumas pessoas se aproximam dele com todo respeito e tratam-no como V.Sª Excelência, V.Sª Senhoria, etc. Para sua esposa ele é seu marido e ela o chama de amor, de bem. Seus filhos o chamam de pai e pulam em cima dele, brincam com ele. Para alguns amigos de infância ele pode ter algum apelido, como gordo, ou alemão, etc. Em cada situação o presidente é tratado de uma maneira diferente. Ele também se veste de maneira diferente. Portanto, em lugares diferentes, a mesma pessoa aparece de formas diferentes e é tratada de maneiras diferentes, apesar de ser uma só. Assim é Deus. Assim como o presidente tem seus ministros e assessores, Deus também tem os deuses (em minúsculo), também chamados de semideuses, para cuidar da criação, mas Deus é um só. Diferentes religiões o chamam por diferentes nomes e o tratam de diferentes maneiras, mas Ele é um só, apesar de poder se expandir em infinitas porções.
   As religiões ajudam as pessoas a aproximar-se do Senhor, mas quando as pessoas avançam espiritualmente, a religião costuma atrapalhar, pois o amor verdadeiro é o amor incondicional. Como amar incondicionalmente se eu preciso me submeter a um monte de regras? Regras são condicionantes. As regras religiosas, independente da religião, servem para manter o devoto neófito afastado dos perigos da vida material, dos vícios, e assim ele consegue experimentar um prazer superior, a felicidade transcendental. A felicidade transcendental vem do amor verdadeiro, amor puro. O amante é totalmente submisso ao amado. A verdadeira felicidade é a que obtemos quando conseguimos desenvolver uma relação amorosa com o Senhor. Amai a Deus. A felicidade obtida com a luta pelo poder é temporária e temerária, pois a todo instante nossa felicidade está sendo ameaçada. Precisamos defender a todo custo nossas posses. Precisamos trabalhar arduamente por comida, por sexo, para proteger nossos filhos e nossa herança. Nossa felicidade material está sempre correndo perigo, é uma falsa felicidade, pois gera ansiedade, gera medo. O devoto do Senhor nada teme, pois sabe que tudo emana do Senhor. Essa é a felicidade verdadeira. O devoto do Senhor é o melhor amigo de todos, pois sabe que tudo e todos emanam do Senhor, e se ele ama o Senhor, ele também ama tudo que emana dEle. Amai a Deus e ao seu semelhante. Fica claro então que a meta última da vida é servir ao Senhor e a melhor sociedade é aquele na qual as pessoas são devotas do Senhor, pois assim elas são verdadeiramente felizes e são verdadeiramente boas para com as outras. A primeira revolução que devemos fazer é a revolução interna de cada um. A revolução da consciência.
   No próximo texto vou aprofundar mais a discussão em torno dessa sociedade.